Durante os últimos testes da Starship, especialmente nos voos 7 e 8 e agora com o voo 9, observou-se o mesmo tipo de falha crítica relacionada às oscilações aeroelásticas das asas dianteiras, conhecidas como flutter. O reposicionamento, alteração de ângulo e redução de espessura dos flaps — introduzidos para mitigar os danos por superaquecimento durante a reentrada — trouxeram efeitos colaterais inesperados na estabilidade da nave.
Esse tipo de vibração surge quando forças aerodinâmicas e estruturais se acoplam em frequência, resultando em movimentos amplificados que afetam severamente o controle da aeronave. No caso do Starship, as novas configurações parecem ter criado um ambiente propício para esse fenômeno, culminando em perda de controle e destruição da espaçonave ainda em altitude.
As mudanças aplicadas a partir do voo 7 visavam solucionar o desgaste térmico das asas dianteiras, que apresentaram falhas nos voos 4, 5 e 6. No entanto, embora o novo design tenha reduzido os efeitos térmicos, ele ampliou a vulnerabilidade estrutural, sobretudo durante o retorno à atmosfera, quando a nave experimenta forças dinâmicas extremas.
Diante disso, há indícios de que a nova geometria dos flaps dianteiros — mais finos e angulados — esteja provocando o surgimento de zonas de ressonância. Durante a reentrada, essas zonas tornam-se instáveis, gerando oscilações que superam os limites mecânicos do sistema.
Uma possível abordagem mais eficaz poderia estar em retomar a configuração estrutural anterior das asas, que oferecia maior estabilidade em voo, mesmo sob condições térmicas adversas. A partir dessa base, seria viável:
- Introduzir materiais mais resistentes ao calor, preservando o desenho aerodinâmico;
- Adotar isolamentos térmicos mais eficazes, ao invés de alterar posições estruturais;
- Conduzir testes em túnel de vento voltados especificamente ao comportamento vibracional, antecipando o flutter.
A engenharia aeroespacial exige soluções integradas. Ao resolver um problema (como o superaquecimento), é fundamental não comprometer a integridade dinâmica da estrutura, o que pode gerar falhas ainda mais destrutivas. O histórico recente da Starship demonstra que o desafio não é apenas técnico, mas também sistêmico — e exige um redesenho cuidadoso, focado em equilíbrio entre resistência térmica e estabilidade estrutural.